domingo, 24 de abril de 2011

Emerson Sbardelotti Tavares


Cidade: Vila Velha
Estado: Espírito Santo
Idade: 38 anos

Orkut: ® Emerson Sbardelotti ®
Facebook: Emerson Sbardelotti
Twitter: @poetaemerson
Estado Civil: solteiro

Quais suas principais características?
Gosto da minha barba que está quase toda branca.Tenho um sorriso acolhedor e um olhar misterioso. Sou carinhoso, atencioso, muito direto e verdadeiro em tudo na vida. Mas sei pedir desculpa quando erro, peço na hora, não deixo para depois.
Sou de festejar todas as minhas vitórias, por menores que elas sejam.
Tenho uma personalidade forte: 8 ou 80 – ou me ama ou me odeia. Não sou de levar desaforo para casa. Não gosto de conviver com gente dissimulada e mentirosa. Verdade pra mim é tudo. Tenho um temperamento que já foi difícil, explosivo, mas hoje, é tratado à base do diálogo e do encontro, penso muito antes de falar qualquer coisa, acredito que encontrei a ternura de viver.

Quais as origens da sua família?
Por parte de pai, vim ao mundo do encontro de negros com portugueses. Meu avô paterno foi tataraneto de escravos que foram levados para Aracajú – SE. Quando meu pai veio com meu avô de Sergipe, moraram no norte do Estado do Espírito Santo, interior, município de João Neiva, meu avô fazia sinos para a Igreja. Por parte de mãe, vim ao mundo do encontro de italianos (meu avô) com alemães (minha avó). Meus avôs eram descendentes de imigrantes, foram morar em Vargem Alta, depois, Alto Caldeirão, e depois em Santa Tereza, cidades do interior do ES, só depois já na década de 60 vieram morar na capital, Vitória. Meu avô era um dos melhores pedreiros e carpinteiros da região. Minha avó era do lar.
             
Estudante? Qual o Curso?  
Sim. Teologia – no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

De que forma você relaciona sua opção "profissional" com sua caminhada pastoral? Em sua opinião, há algum ponto em comum entre elas?
Meu primeiro curso superior foi Turismo, atuei em hotéis, pousadas, trabalhei em eventos, desde 2008 leciono no Curso Técnico em Turismo e Hospedagem. Fiz uma complementação pedagógica que me licenciou em História, curso que adoro e que leciono no pré-vestibular popular que coordeno desde 1998. Agora estudando Teologia, posso colaborar ainda mais na Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, de Cobilândia, que é a que patrocina o meu estudo; sem essa confiança, eu não conseguiria nunca fazer este curso superior.
Sempre procurei unir todos os cursos que fiz na minha trajetória profissional com a minha caminhada pastoral. Há muitos pontos em comum, pois tudo o que aprendi na Comunidade Eclesial de Base e na Pastoral da Juventude levei para dentro da Academia, inclusive essa caminhada, me fez ser diferente dos outros estudantes, pois o fato de estar sempre envolvido com temas sociais, facilitou na hora de defender uma tese, partilhar uma idéia, ou até mesmo apresentar um trabalho na frente da turma.

Com quais atividades você ocupa seu tempo?
No momento estou começando a fazer a minha monografia que tem como tema: ECOTEOLOGIA: DO GRITO DOS POBRES AO GRITO DA TERRA, NA PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO EM LEONARDO BOFF! Portanto, estou lendo vários livros, fazendo anotações, escrevendo para pessoas que possam ler o que escrevo.
Tenho participado dos ensaios da banda Utópicos Urbanos, banda cover oficial do Barão Vermelho no Estado do Espírito Santo, onde sou o vocalista. Leciono as matérias: Segundo Testamento e Cristologia, no Instituto João Maria Vianney – Teologia para Leigos – Paróquia de Cobilândia. Sábado e domingo, quando não tenho shows, estou à disposição das comunidades de base da Paróquia, assessorando e ou fazendo a homilia/partilha da Palavra.

Algum dom artístico?
Sou vocalista, letrista, tenho várias composições pé-no-chão (que estão no meu site acima citado), conto piada, tenho dois livros publicados: o primeiro é O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. O segundo livro: Utopia Poética.

O que gostaria que todos soubessem sobre sua Historia?
Nasci no dia 13 de setembro de 1972, Vitória – Espírito Santo. Minha atuação sempre foi com Juventude: Pastoral da Juventude, Crisma, Música.Faço conferências nas áreas de Espiritualidade e Mística, Juventude, Bíblia e Liturgia.Sou adepto da Teologia da Libertação.Do passado, só me arrependo de não ter feito tudo o que fiz melhor.

Onde, com quem, como você conheceu a Pastoral da Juventude?
Comecei minhas atividades pastorais em 1980, quando fiz a Primeira Eucaristia na Igreja Matriz, depois de alguns anos fui servir na equipe de catequese da comunidade eclesial de base Nossa Senhora do Magnificat. Conheci a Pastoral da Juventude em 1985, nas comemorações do Ano Internacional da Juventude, no Ginásio Dom Bosco-Salesiano, Vitória-ES. Participei de todas as instâncias da PJ: grupo, paróquia, área pastoral, coordenação arquidiocesana, fui secretário arquidiocesano na passagem dos anos 80 para 90, e micro-capixaba (as quatro dioceses capixabas) ou Sub-Regional Leste II. Participei da equipe que elaborou o projeto Momento Novo – projeto de formação de lideranças jovens; da equipe que planejou o projeto Germinando – projeto de formação para coordenadores paroquiais e de grupos de jovens.

E hoje? Participa de algum grupo de base? Qual?
Estou re-começando a acompanhar alguns grupos de jovens na Paróquia de Cobilândia, que sentiram vontade de conhecer o trabalho da PJ, que havia desaparecido da região depois do afastamento espontâneo de várias lideranças. Fui convidado para falar sobre a Realidade Histórica da PJ: sua proposta e mística. Estou chegando bem devagar, pois já tive pressa, vou levando um sorriso, pois já chorei demais. Estou indo nas reuniões apenas para ouvir, fico no meu canto, anotando as conclusões, os desejos, as insatisfações e rezando para que não desistam do caminho pedregoso que querem seguir. Acredito que participo de todos estes grupos, levando o meu abraço e caminhando junto.

Quais as principais atividades do grupo onde você participa?
Os grupos que comecei a acompanhar ainda estão na fase de nucleação da PJ, pois a experiência anterior eram de grupos do EJC + Oração, portanto, a caminhada será longa, mas eles estão animados com a novidade: PJ (mística, pedagogia, proposta libertadora).
As atividades principais destes grupos são todas voltadas para ajudar as equipes nas comunidades onde estão inseridos. Alguns estão na equipe de Crisma, outros nas equipes de Liturgia e Música. Não há uma equipe de coordenação paroquial, nem se comenta sobre isso ainda.

Cite um momento marcante do grupo!
 A criação do GRUAL – Projeto Rumo a Universidade, inteiramente grátis, para pessoas de baixa renda e oriundas do ensino público.
A apresentação teatral da música PELOS CAMINHOS DA AMÉRICA num show do Zé Vicente.

Sabemos que a Pastoral já teve importante papel na história, politicamente. E hoje, de que forma você acredita que a PJ vem contribuindo com a sociedade?
Nas dioceses em que o Setor Juventude, realmente assumiu o seu papel, de acordo com o documento 85 da CNBB: Evangelização da Juventude; o trabalho da PJ na esfera sócio-política tem dado bons frutos. Veja as campanhas que são encabeçadas pela PJ, é trabalho sério, de gente séria. Mas isso é ainda é pouco, pois enquanto existir a pobreza, a exclusão, a discriminação, a fome, não estaremos na herança do Reino.
Como diria meu amigo D. Pedro Casaldáliga: Na vida tudo é política... “Todo es politico. Aunque lo político no lo es todo (Tudo é político. Mesmo que o político não seja tudo)”.
É claro que há várias lideranças dentro da Igreja e algumas, infelizmente, dentro da própria PJ, que sempre irão virar a cara para as ações e atividades que a PJ realiza, pois ainda possuem aquele velho pensamento de que a PJ é uma tendência do Partido dos Trabalhadores, que não possui espiritualidade, que não reza, que só serve para animar festa de comunidade. Generalização não leva a nada.
E o que fazer nesta hora de desânimo? Levantar, tirar a poeira dos pés e seguir em frente.
A PJ não tem hoje a mesma visibilidade que tinha nas décadas de 80 e 90, mas sua estética evangélica, sua adesão popular, sua profecia itinerante, não pode se calar diante às forças da morte, que imperam no Brasil. A pior violência a ser enfrentada pela PJ é a violência política: o mal enraizado nas esferas de poder: municipal, estadual e federal. Digo isso, pois a cada dia, sempre é aprovado um projeto, uma lei que favorece a elite deste país, e aumenta ainda mais o estado de miséria da população. Não há leis no país que protejam de fato as juventudes. Os estatutos são dúbios, respondem a interesses não muito claros, dão margem a várias interpretações, menos aquela que deveria de fato resguardar a dignidade humana das juventudes.

Além da Pastoral da Juventude, dentro da Igreja Católica você tem algum outro tipo de engajamento?
Tenho me dedicado ao Instituto João Maria Vianney, lecionando Primeiro Testamento, Cristologia, História da Igreja. Em assessorar as equipes de serviço da Paróquia de Cobilândia. Em conhecer o povo das comunidades, para sempre mais falar como o povo e viver como o povo vive. Quando faço isso, um pouquinho que seja, sinto Deus em todo o meu corpo, em todo o meu ser...só consigo entender o mundo assim, pois sinto Deus nestas pessoas da Paróquia.

E fora? Está envolvido em algum outro movimento?
Estou envolvido na legalização enquanto ONG e depois OSCIPE do INSTITUTO CAPIXABA DE JUVENTUDE – ESPÍRITO SANTO (ICJ-ES), que era um sonho meu e de mais uns sete militantes da PJ que hoje atuam em outras equipes dentro e fora da Igreja. A primeira ação concreta foi o pré-vestibular popular COMUNA (Comunidade Ativa) que atende 30 jovens oriundos da rede pública estadual, onde todos os professores são voluntários e são da Paróquia e que todos os anos colocam de 7 a 10 jovens na UFES e alguns em outras instituições de ensino superior.
O ICJ-ES tem além do pré-vestibular popular, uma parceria com a Banda de Congo São Benedito da Glória, o projeto Criança Congo, onde crianças de rua aprendem a fazer instrumentos do Congo e a cantar e a dançar.

De que forma gostaria de ser lembrado pela posteridade?
Eu queria ser lembrado como um poeta pé-no-chão, um humilde trabalhador do Reino... e neste momento, me sentindo como o salmista que, pensando em si e para si mesmo sentenciava: “Considerando os dias passados, tenho os olhos voltados para a eternidade!”
Ou então, por aquela fala antiga: “E quando chegar a hora, a hora suprema do encontro, que me perguntarás, ó meu Deus? Pouco importa o que dirás. Silencioso. Apenas mostrarei as mãos deformadas pelo trabalho. E abrirei o coração cheio dos nomes que amei!”

Que mensagem gostaria de deixar para as pejoteiras e pejoteiros que estão lendo tua entrevista agora?
Não desistam de seus sonhos, por menores que sejam.
Não desistam da Paz militante do Reino da Vida.
Não desistam do martírio e nem brinquem com o sangue dos mártires.
Não desistam da unidade, mesmo que todos falem o contrário.
Não abram mão de serem apenas vocês mesmos, com todos os erros e acertos que possam caber dentro de vocês.
Não abram mão de amarem e serem amados.
Não abram mão do estudo, da leitura e do escrever.
Não abram mão do diálogo e do encontro, pessoal e real, pois a virtualidade nos afasta mais do que nos aproxima.
Não abram mão da coletividade, do comunitário.
Não sofram por antecedência, vivam a cada dia, a cada segundo, sabendo que Deus é Abbá, que Deus tem entranhas.
Não sofram demais pelas derrotas, mas vibrem muito por cada pequena ou grande vitória na caminhada de vocês.
Não se esqueçam que as pedras estão no caminho apenas para lembrar que problemas foram feitos para serem vencidos.
Não deixe nunca de sorrir, não há arma melhor do que um lindo sorriso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário